Os governos inteligentes, conforme definido pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços, adotam políticas embasadas em dados e evidências, visando antecipar e solucionar prontamente as demandas do cidadão e das organizações, ao mesmo tempo em que fomentam um ambiente de negócios competitivo e atrativo a investimentos.
Os poderes públicos possuem uma quantidade significativa de dados, que podem ser usados de forma estratégica para melhorar o atendimento à sociedade e otimizar a gestão governamental. O Decreto nº 10.046, de 2019, neste sentido, regulamenta o compartilhamento de dados, auxiliando na formulação e monitoramento de políticas públicas, além de viabilizar a análise de benefícios sociais e fiscais.
Como parte dos esforços para expandir a produção de análises de dados para embasar decisões, são delineados objetivos e iniciativas como políticas públicas baseadas em dados e evidências, serviços públicos do futuro e tecnologias emergentes, e serviços preditivos e personalizados ao cidadão.
Segundo o think tank (Centro de Inteligência, Políticas Públicas e Inovação), os governos inteligentes consideram os dados como ativos intangíveis, impulsionando a inovação em prol do bem-estar da população. Eles promovem a transparência na administração pública por meio de plataformas abertas e aproveitam a inteligência coletiva para fomentar a competitividade.
De acordo com o CEO da 3P Brasil, Cesar Alcácio, a concepção de um governo inteligente repousa na adoção e integração de tecnologias avançadas, dados precisos e processos otimizados para elevar a qualidade dos serviços públicos, assegurar a transparência governamental e estimular o engajamento cívico. “Este paradigma vai além da simples digitalização de serviços, visando a uma reestruturação profunda de como o governo opera e interage com cidadãos, empresas e outras instâncias governamentais”, disse.
Segundo Alcácio, a digitalização de serviços e processos é a espinha dorsal do governo inteligente. Isso significa, prossegue ele, levar os serviços governamentais para o ambiente on-line, facilitando o acesso dos cidadãos e das empresas a esses serviços de forma eficiente e conveniente. “A integração e análise de dados de várias fontes dentro do governo é outro pilar crucial. Isso permite uma tomada de decisões fundamentada, políticas públicas mais acertadas e uma alocação de recursos mais eficiente”, salienta.
Outro ponto que o CEO da 3P Brasil considera vital é a transparência e a participação cidadã. “Governos inteligentes promovem ambas ao tornar dados e informações governamentais facilmente acessíveis, construindo uma relação de confiança e incentivando a participação ativa dos cidadãos na vida pública”, acrescenta.
Alcácio ressalta que a segurança e privacidade dos dados também é um fator essencial, uma vez que proteger as informações governamentais e a privacidade dos indivíduos é imprescindível, o que demanda políticas e tecnologias de segurança robustas. “Por último, a infraestrutura tecnológica precisa ser avançada, incluindo conectividade de alta velocidade, data centers seguros e plataformas de computação em nuvem para suportar esses serviços”, completa.
Novas tecnologias
O especialista acredita que, em relação a potencialização desses serviços e processos através da digitalização, é necessário abordar o uso de tecnologias emergentes como a IA (Inteligência Artificial), big data, blockchain e IoT (Internet das Coisas). “Essas tecnologias não somente automatizam processos, mas também oferecem insights profundos que podem melhorar os serviços públicos, a transparência e a eficiência operacional”, destaca.
Ainda segundo o CEO da 3P Brasil, as tendências atuais incluem o emprego de IA e machine learning para automação e análise preditiva, blockchain para transparência e segurança dos dados, IoT para monitoramento e gestão urbana, e computação em nuvem para flexibilizar a infraestrutura de TI. Além disso, conforme relata Alcácio, plataformas de serviços digitais unificados estão se tornando comuns, oferecendo um ponto de acesso integrado a múltiplos serviços governamentais, o que melhora a experiência do usuário.
Alcácio ressalta, por fim, a importância de uma cultura de inovação constante dentro do governo, que envolve a transformação de processos organizacionais e a capacitação dos servidores públicos para atuarem neste novo contexto digital. “A colaboração entre diferentes esferas do governo, o setor privado e a sociedade civil são fundamentais para fomentar a inovação e ampliar o alcance dos serviços governamentais, garantindo que eles sejam não apenas eficientes, mas também inclusivos e equitativos”, conclui.